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5 Comments
>Cara leitora, caro leitor:
E depois, paywall. Tá fish.
O Governo que não gosta de perguntas de jornalistas (e limita-as)
Cara leitora, caro leitor:
Como sabe, o documento do Orçamento do Estado é uma peça-chave da vida nacional. Algum cidadão – que não seja economista, actor político ou jornalista – lê o Orçamento do Estado? Admito que sim, que alguns o façam. Mas a maioria dos portugueses fica a conhecer o Orçamento através do trabalho da comunicação social.
Fiquei absolutamente espantada que num documento com a complexidade do Orçamento os jornalistas tenham tido direito apenas a fazer dez perguntas. Dez! É totalmente inaceitável.
No ano passado, assisti à conferência de imprensa do orçamento que fez o antigo ministro das Finanças, Fernando Medina, e aquilo não acabava. Esta tarde, Joaquim Miranda Sarmento “despachou-se” num instante.
A decisão do Ministério das Finanças é muitíssimo grave e põe em causa o direito à informação. Não vale a pena estar com rodriguinhos. Põe em causa, ponto final.
Não estamos a falar de uma proposta que seja simples (e mesmo se fosse…). O ministro das Finanças apresentou um documento de alta complexidade e acha que pode ser explicado ao povo sumariamente. Pior: acha que não tem que explicar nada, ou muito pouco, através da mediação jornalística, porque eventualmente os jornalistas não são de “fiar”. Já sabemos que quem não sabe coisas estará sempre mais feliz do que quem sabe. Esta parece ser a regra determinada por este Governo e a sua gravidade não tem sido suficientemente escalpelizada.
Se juntarmos o que se passou na tarde desta quinta-feira com as declarações esotéricas do primeiro-ministro sobre os jornalistas, no dia em que apresentou o pacote de apoio à comunicação social, temos um tratado sobre o que este Governo pensa da liberdade de imprensa.
Nenhum poder gosta da imprensa, não há aqui novidade nenhuma. Mas comparado com o que disse esta semana o primeiro-ministro, as palavras de antanho de Cavaco Silva (“Não costumo ler jornais”) que fizeram correr rios de tinta, na época e a posteriori, são menos bizarras.
Há maus médicos, maus administradores, maus operários, maus professores, maus políticos, maus ministros e maus jornalistas. Não existe nenhuma profissão imune ao erro, nem que seja passível de ser colocada em altares de infalibilidade. A vantagem dos jornalistas, tal como os políticos, é terem o seu trabalho escrutinado diariamente na praça pública – é a vida. Não acontece em todas as profissões.
Mas quando um primeiro-ministro vem anunciar que está farto de jornalistas “ofegantes” (não é de agora, basta ver filmes dos anos 1950, onde havia personagens que eram jornalistas, para ver actores ofegantes a desempenharem o papel) está implicitamente a passar a mensagem de que quer jornalistas quietinhos ou, como pede Montenegro, a desempenharem com “tranquilidade” as suas funções.
Tão inacreditável como o desamor do primeiro-ministro por “jornalistas ofegantes” é o facto de não perceber o que é um auricular nem de perceber porque é que um jornalista lê o telemóvel quando faz uma pergunta. Aparentemente, o primeiro-ministro esqueceu-se que um telemóvel hoje serve de bloco de apontamentos e desconhece que um auricular serve para comunicar com a régie da rádio e da televisão, onde o jornalista que controla a programação vai decidir quando e se o colega pode entrar no ar. O que se retirou daquelas palavras foi que os jornalistas seriam incompetentes ou fariam perguntas a mando de entidades desconhecidas (eventualmente, os suspeitos de terem interesses económicos nos fogos?). Um disparate pegado.
Como já escreveu o David Pontes, o absurdo das declarações do primeiro-ministro ofuscaram a apresentação do pacote de medidas de apoios aos media, sector relativamente ao qual o Governo anterior decidiu demitir-se, ainda que tenha durado oito anos e coincidido com a mais grave crise da comunicação social de que há memória.
O Governo apresentou algumas medidas e uma que ameaça ser um desastre: a retirada da publicidade da RTP e o despedimento de 250 jornalistas vão reduzi-la a uma televisão local. É uma forma de acabar com o serviço público por outros meios. Não é a privatização que defendia Passos Coelho, mas há vários caminhos para chegar ao mesmo lugar.
O plano para a RTP não é certamente um manifesto do amor ao jornalismo. A limitação de perguntas a “duas ou três” nas conferências de imprensa do Conselho de Ministros são uma vergonha. Já para não falar nas declarações sem direito a perguntas.
Na conferência de imprensa da ministra da Justiça, Rita Júdice, em que esta deu explicações sobre a auditoria à segurança das 49 cadeias no país, na sequência da fuga de Vale dos Judeus, foram permitidas apenas três perguntas. Na conferência da ministra da Administração Interna sobre os fogos (Margarida Blasco tinha estado ausente do terreno) aconteceu o mesmo.
Quando o primeiro-ministro anunciou que Maria Luís Albuquerque era o nome escolhido para comissária, não permitiu perguntas. A mesma coisa a seguir ao almoço com António Costa em São Bento, quando desejou ao futuro presidente do Conselho Europeu “sucesso e felicidades”. Mais uma declaração sem perguntas.
Todo o poder gosta de jornalistas tranquilos, quietos e que façam perguntas agradáveis. Não é o Governo AD o primeiro a desejar uma comunicação social mansa. Já assisti ao modus operandi de vários governos (o Governo Sócrates foi um sinistro exemplo). Mas Luís Montenegro, envolto no estado de graça típico dos governos jovens, está claramente a mostrar ao que vem. A conferência de imprensa do ministro das Finanças foi um ataque à liberdade de imprensa.
Todo o poder gosta de jornalistas tranquilos, quietos e que façam perguntas agradáveis. Não é o Governo AD o primeiro a desejar uma comunicação social mansa. Já assisti ao modus operandi de vários governos (o Governo Sócrates foi um sinistro exemplo). Mas Luís Montenegro, envolto no estado de graça típico dos governos jovens, está claramente a mostrar ao que vem. A conferência de imprensa do ministro das Finanças foi um ataque à liberdade de imprensa.
O governo gosta de jornalistas de façam perguntas e ajudem o governo a responder a elas 🤷🏻♂️
Mas está tudo bem. A maioria deles vai ser subsidiada.
Dá-me a entender que este governo está tão empenhado em evitar as crises mediáticas (que causaram em grande parte a queda do governo anterior), que acaba por limitar o seu tempo de exposição pública a todo o custo, chegando mesmo a estas posições arcaicas contra o jornalismo. Pessoalmente não sou nada fã dos apoios aos media por este motivo. Fica implitico que isto tudo pressupõe uma comunicação social mais mansa.
Por bem menos que isto, o Sócrates já era apelidado de arrogante e pequeno ditador.
Sinais dos tempos e quando este governo já comprou a sic e tvi, a má imprensa fica limitada.